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quarta-feira, 17 de março de 2010

Justiça Militar inicia processo contra controladores de voo em Brasília

Militares denunciados por terem paralisado os serviços de controle do tráfego aéreo em março de 2007 começam a ser interrogados


A Justiça Militar iniciou nesta semana o processo contra 51 controladores de tráfego aéreo que, há três anos, participaram de uma paralisação levando ao caos aeroportos em todo o país. Insatisfeitos com as condições de trabalho, controladores de tráfego aéreo se recusaram a monitorar os aviões que cruzavam os céus do Brasil. No dia 30 de março de 2007, milhares de usuários de transporte aéreo se acotovelavam nos aeroportos sem poder embarcar nos voos. A suspensão de decolagens causou prejuízos incalculáveis a passageiros, companhias aéreas e à imagem do governo, que não soube administrar uma crise deflagrada por militares da Aeronáutica. 

Denunciados pelo Ministério Público Militar (MPM) por prática de motim e por deixar de prestar o serviço de controle aéreo, prerrogativa exclusiva do governo federal, os militares começaram a ser interrogados e a se defender. O objetivo final dos controladores envolvidos é tentar se livrar da expulsão da Aeronáutica e de penas de prisão que podem variar entre dois e oito anos. O início do processo é uma boa oportunidade para a população saber o que de fato ocorreu nos meses que antecederam a crise e o governo tomar providências para que o “apagão aéreo” não volte a atrapalhar a vida dos cidadãos. O crescente tráfego aéreo e a realização de eventos esportivos de porte mundial, como a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016, reforçam a preocupação. 

Indícios da crise que seria observada no primeiro semestre de 2007 foram notados logo após o acidente do Boeing da Gol com o Legacy em setembro de 2006, no qual 154 pessoas morreram. Sob a suspeita de terem responsabilidade na colisão aérea, controladores passaram a se queixar de uma jornada de trabalho supostamente extenuante e do sucateamento de equipamentos utilizados no monitoramento das aeronaves. Como forma de protesto, nos feriados de 12 de outubro e 2 de novembro, controladores aéreos aumentaram o espaçamento entre os voos e provocaram atrasos e filas nos aeroportos. Em março, pouco antes da paralisação, uma carta apócrifa com reivindicações dos controladores circulou entre os centros de controles do espaço aéreo. Foi o estopim para as paralisações. 

De acordo com a promotora do MPM que cuida do caso, Ione Cruz, o movimento não teve por finalidade melhorar as condições do tráfego aéreo, mas sim obter dividendos somente para os controladores. “Foi um motim. Eles infringiram o Código Penal. Quebraram a hierarquia de forma vil”, afirma. “São responsáveis pela maior crise da aviação civil”, diz. Segundo Roberto Sobral, advogado de 30 dos acusados, sua estratégia será trancar a ação em curso com base na premissa de que a Aeronáutica sabia que haveria uma movimentação atípica. “O Comando poderia ter interferido e evitado toda aquele movimento. O que aconteceu foi a infiltração de agentes de confiança da Aeronáutica para causar tumultos e, depois, responsabilizar esses controladores que agora foram indiciados”, diz. Quanto à paralisação, Sobral afirma que o melhor mesmo foi suspender as decolagens porque o grande contingente de pessoas atrapalharia no controle de tráfego aéreo, que exige concentração. 



Em um aspecto, tanto a defesa como a acusação concordam: o processo deverá ser moroso. Isso porque cada um dos 51 indiciados deverá contar com o direito de arrolar cinco testemunhas, o que daria mais de 250 pessoas a ser ouvidas por quem conduz o processo. Independentemente do resultado, as partes ainda podem recorrer ao Superior Tribunal Militar (STM) e, em última instância, ao Supremo Tribunal Federal (STF). A promotora Ione Cruz ainda tenta incluir no processo 38 controladores de tráfego que haviam sido denunciados, mas excluídos pela Justiça Militar por considerar que não havia elementos suficientes contra eles. Em Manaus e em Curitiba também correm processos relativos a controladores que teriam aderido aos comandos supostamente originados em Brasília. 

A crise em 2007 provocou discussões quanto ao modelo brasileiro de tráfego aéreo. No período, chegou-se a cogitar a possibilidade de desmilitarizar o serviço. A Casa Civil entrou na discussão. A secretária-executiva, Erenice Guerra, pediu sugestões de controladores aéreos, agora indiciados, para alterar o sistema. Mas depois do apagão aéreo, Erenice não voltou a tratar do assunto com os controladores. Em alguns países europeus e nos Estados Unidos, existem dois sistemas de controle: um dedicado à aviação civil e outro para a defesa aérea. O Comando da Aeronáutica defende o sistema atual. Afirma que países como França e Itália estão aderindo ao modelo integrado, adotado pelo Brasil. A Aeronáutica afirma ainda que o sistema de controle aéreo brasileiro é seguro. “A Organização de Aviação Civil Internacional (Oaci) nos colocou em segundo lugar no mundo com 95% de conformidade em procedimentos operacionais e de segurança, atrás do Canadá com uma diferença de apenas 1%”, diz. 

A expectativa é que a crise do “apagão aéreo” e o processo envolvendo os 51 controladores sirva para eliminar gargalos daqui para a frente. A Aeronáutica afirma ter aprendido com o caos. Adota procedimentos de recrutamento, treinamento e aperfeiçoamento de forma mais adequada, além de investir apropriadamente no espaço aéreo brasileiro. Que assim seja e permaneça.

Padres de Arapiraca são afastados após escândalo sexual

O bispo de Penedo, em Alagoas, Dom Valério Breda, confirmou nesta terça-feira o afastamento dos monsenhores Luiz Marques Barbosa, de 82 anos, e Raimundo Gomes, 52 anos, além do padre Edílson Duarte, 43 anos. Eles foram afastados das atividades nas paróquias de Arapiraca após a imprensa denunciar o envolvimento deles em um escândalo sexual com rapazes. O caso ganhou repercussão internacional e já chegou ao conhecimento do Vaticano. Os religiosos foram denunciados por antigos coroinhas, que teriam sido molestados quando ainda crianças.



O afastamento dos três religiosos foi anunciado pelo bispo no último fim de semana, durante uma celebração na Igreja Nossa Senhora dos Carmo, em Arapiraca, que é a segunda maior cidade de Alagoas, tem mais de 200 mil habitantes e fica a 146 quilômetros de Maceió. Em reunião realizada nesta terça-feira, na Cúria de Penedo, seriam definidos os nomes dos padres que assumirão as paróquias de São José, Nossa Senhora do Carmo e a catedral Nossa Senhora do Bom Conselho, anteriormente coordenadas pelos padres denunciados. No entanto, os nomes dos substitutos ainda não foram divulgados.
Repercussão internacional - De acordo com secretária da Diocese de Penedo, Maria Rosiete Nobre Pires, Dom Valério Breda ficou muito abalado com as denúncias e tem evitado o contato com a imprensa para não agravar a situação dos acusados. Segundo a secretária diocesana, o escândalo envolvendo os religiosos de Arapiraca chocou Alagoas e ganhou repercussão internacional. "Já recebemos ligações de jornais de todo o Brasil e de várias partes do mundo querendo saber a posição da Igreja com relação a esse episódio", afirmou Maria Rosiete.
No município de Arapiraca, o clima entre a comunidade católica é um misto de decepção e de incredulidade. "As pessoas só estão acreditando nesse escândalo agora, porque as imagens divulgadas pela imprensa são muito fortes", comentou Ângela, secretária da Igreja Nossa Senhora do Bom Conselho e que trabalha há muitos anos com Padre Aldo, em Arapiraca.
Na reportagem do programa Conexão Repórter, do SBT, o monsenhor Luiz Marques Barbosa, de 82 anos, aparece em cenas de sexo com um rapaz de 19 anos que era seu coroinha desde o 15 anos. A reportagem do SBT, veiculada no Youtube sem cortes, vem sendo reproduzida em vídeo e vendida à população da região de Arapiraca por vendedores de DVDs piratas a R$ 2 a cópia.
Processo criminal - Além de afastados das suas atividades, os religiosos estão respondendo a um processo criminal, aberto pela Polícia Civil de Alagoas, a pedido do Ministério Público Estadual. Duas delegadas foram designadas pelo diretor-geral de Polícia, delegado Marílio Barendo, para comandar as investigações: Bárbara Arraes, titular da Delegacia de Crimes Contra Crinaças e Adolescentes; e Maria Angelita, da Delegacia da Mulher.
Segundo a delegada Bárbara Arraes, as investigações correm em segredo de justiça, desde do final de fevereiro. "No final de março termina o prazo da investigação, mas vamos pedir prorrogação por mais um mês, para concluir o nosso trabalho até o final de abril", afirmou a delegada. Barbara Arraes disse ainda que os acusados só serão ouvidos por último.
A delegada Bárbara Arraes informou ainda que familiares dos rapazes estão dispostos a entrar na Justiça com um pedido de indenização por danos morais contra os religiosos. Para a delegada Maria Angelita, a denúncia contra os religiosos é muito contundente. Ela disse que a polícia já está de posse da fita de vídeo, com imagem do monsenhor Luiz Marques Barbosa com um rapaz, que se diz vítima de abuso sexual praticado pelo religioso.
A Agência Estado procurou os acusados, mas nenhum dos religiosos quis dar entrevista. Nas paróquias onde eles atuavam foi informado que eles foram afastados e não estão dispostos a falar sobre esse assunto. 

O estranho em nós mesmos

a coletânea Um episódio distante, o escritor Paul Bowles trata das relações entre o Ocidente e o Oriente



  Divulgação
As sempre tensas relações entre o Ocidente e o Oriente aparecem com espantosa nitidez, a partir dos anos 1940, nos primeiros relatos escritos pelo escritor americano Paul Bowles (1910-1999), que viveu 50 anos no Marrocos. Essas ficções de juventude chegam, agora, ao público brasileiro reunidas em Um episódio distante (Alfaguara, 232 páginas, R$ 38,90, tradução de José Rubens Siqueira), conjunto de 12 contos mais uma breve novela, datada de 1993.
Aspectos como a obscuridade, os sentimentos arcaicos e o irracional, de que nossos preconceitos ocidentais ainda hoje desconfiam, tomam formas espantosas em um relato como “Ele da Assembleia”, a história de Ben Tajah, que um dia, em plena rua, encontra uma carta caída no chão. O problema é que seu nome vem escrito no envelope. Ao abrir a carta, ele depara com uma frase enigmática: “O céu estremece e a terra tem medo, e os dois olhos não são irmãos”.
Logo depois, Ben perde a carta e, mais um pouco, já duvida de que ela tenha existido. Mas, se não existiu, de onde tirou aquelas palavras? Passa a crer que elas lhe foram sopradas pelo demônio. Para enfrentar seu medo, conta com a ajuda de um homem chamado Ele da Assembleia, que carrega no pescoço um colar de ampolas de penicilina e se julga prisioneiro em um caldeirão. O homem define a situação dos dois: “Funcionamos de trás para a frente. Se temos alguma coisa boa, procuramos alguma coisa ruim no lugar”.
O estranho relato contém alguns elementos fundamentais das relações do Ocidente com o desconhecido. A dúvida, que impede a confiança. O medo, que se esconde nas pequenas coisas – como uma simples carta largada no chão. A ideia de que, mesmo no Bem, sempre se infiltra alguma parte secreta do Mal.
Paul Bowles foi, nesse sentido, um profeta. Suas ficções breves – antecipando o magistral romance O céu que nos protege (1949) – adiantam a atmosfera de insegurança e de cegueira que separam Ocidente e Oriente. Quando, em 1947, o escritor se mudou para Tânger com a mulher, Jane Bowles, tentava, justamente, romper essa cadeia de medo. Soube ver na estranheza e na diferença um tipo singular de beleza. Soube aceitar o incompreensível como parte essencial da existência.
A desconfiança para com a realidade se exprime, de maneira luminosa, em um relato como “O escorpião”. Uma velha vive sozinha em uma caverna. Um dia, um de seus filhos reaparece. Ele pede que a mãe o acompanhe em uma pequena viagem, sem revelar-lhe o destino. A relação entre mãe e filho é de absoluta imprecisão. Não lhes resta alternativa: ou, mesmo às escuras, confiam um no outro ou não podem mais seguir juntos. Na saída para a caminhada de três dias, esbarram com um velho sentado em uma pedra. O filho pergunta quem é, a mãe diz que não o conhece. “Está mentindo”, comenta, e isso é tudo. Não se sabe quem era o homem nem o destino de mãe e filho. Tudo o que temos são fragmentos do mundo real – nunca o real mesmo.
Como viver em um mundo assim, em que o significado das coisas sempre nos escapa? Não há outro recurso além da confiança. Não é preciso ir muito longe, o estranho se esconde no banal. Esconde-se em nós mesmos. No relato que dá título ao livro, um professor procura caixinhas feitas com úberes de camela. Um homem se oferece para guiá-lo. Leva-o ao deserto. As ameaças reais são precedidas por sensações de insegurança, que lhe parecem bem mais perigosas. Tudo é impreciso – e, para seu horror, o professor descobre o irracional e o estranho não no outro, mas em si mesmo.
Bowles antecipa, assim, aspectos cruciais do mundo contemporâneo, como a facilidade com que atribuí mos o Mal aos outros, a invisibilidade dos motivos que regem a vida cotidiana e a brutal dificuldade que temos de pensar. Não é um mundo fácil: se queremos defrontar o estranho, talvez devamos começar diante do espelho.
Shepard Sherbell
ESTRANGEIRO 
O escritor Paul Bowles em sua casa em Tânger, em 1969. A coletânea 
Um episódio distante trata das relações entre o Ocidente e o Oriente

DOWNLOAD THE PACIFIC (MINI-SÉRIE)


Download The Pacific (Mini Série)
The Pacific recua até à Segunda Guerra Mundial e conta a história de 3 soldados norte-americanos envolvidos no conflito logo após o ataque a Pearl Harbor. Baseada em histórias reais, conta-nos as experiências vividas por estes 3 homens e pelos seus companheiros desde o primeiro combate violento com os japoneses nos matagais de Guadalcanal, passando ainda pelas florestas tropicais do Cabo Gloucester, pelas barreiras de coral de Peleliu, as areias sangrentas de Iwo Jima e os campos fatais de Okinawa, até ao triunfo difícil e o regresso a casa. “The Pacific” é uma mini série de 10 episódios que tem como produtores executivos Tom Hanks e Steven Spielberg, os mesmos que criaram, cada um no seu papel, o bem sucedido “O Resgate do Soldado Ryan”.
Título: The PacificTítulo Traduzido: The PacificGênero: GuerraDuração: 50~60 MinutosEpisódio: 01Data de Lançamento: 2010Tamanho: 210 MbQualidade: Rmvb | AviIdioma: Inglês – Legendado
S1E01 – Guadalcanal/Leckie
RMVB Legendado: Megaupload Uploaded.to