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domingo, 13 de junho de 2010

Psiquiatra de São Paulo faz a cabeça do homem que comanda a seleção

Um psiquiatra do interior de São Paulo faz a cabeça do homem que comanda a seleção brasileira. Saiba quem é esse médico – um campeão de vendas de livros que a editora classifica como livros de autoajuda. 

“Nós cometemos os maiores erros da nossa vida nos primeiros trinta segundos de tensão”, anuncia o psiquiatra Augusto Cury para 930 pessoas que lotaram o auditório da Associação Brasileira de Criadores de Zebu. Elas pagaram R$ 30 para ouvir durante duas horas o psiquiatra. Seria apenas mais uma palestra, não fosse a ligação do médico – que já vendeu 11 milhões de livros no Brasil – com outro personagem que o público conhece bem melhor. 

“Se vocês observarem dentro da nossa seleção, quer dizer na minha seleção, a maioria não é a seleção de vocês”, comenta Dunga numa entrevista. 

Agora preste atenção neste Dunga: “Ao cumprimentarmos uma pessoa nós estamos ajudando ela e nos ajudando, porque ela nos transmite energia positiva, vibração”. 

O Fantástico teve acesso com exclusividade a um vídeo inédito no qual Augusto Cury entrevista o técnico da seleção. 

Os dois conversaram por 50 minutos, dois dias depois da convocação. A palavra comprometimento foi dita 14 vezes. 

“O comprometimento é a base”, disse Dunga. 

Mas Dunga também disse algumas palavras que, pelo menos dele, a torcida nunca havia escutado: “Eu acho a natureza muito sábia. A água acha uma forma – pelo lado ou por cima – para ultrapassar seus obstáculos. E nós temos que ser assim”. 

“Parabéns, Dunga. Você encara cada ser humano como uma estrela viva no teatro da existência. Isso indica que, apesar dos seus defeitos, você é um poeta da vida”, concluiu Augusto Cury. 

Dunga e Cury se conheceram no ano passado, depois que o técnico leu o livro “O futuro da humanidade”. 

“Ele me procurou, junto com o Jorginho, para que pudéssemos conversar sobre algumas situações que ocorriam na seleção”, conta o psiquiatra. 

O Fantástico procurou o psiquiatra para saber o que, afinal, vai pela cabeça de Dunga às vésperas da estreia na Copa do Mundo. 

Logo de cara, o psiquiatra, torcedor moderado do Santos, negou que tivesse tanta influência assim sobre o treinador. 

“Em hipótese alguma eu sou guru do Dunga”, afirmou. “Eu sou apenas um semeador de ideias que fala sobre o funcionamento da mente e propicia algumas ferramentas para que ele e milhões de outras pessoas possam utilizá-las”. 

A pedido de Dunga, o semeador de ideias deu uma palestra para os jogadores da seleção na véspera do embarque para a África do Sul. Era para ser segredo. Mas uma foto, que mostra Elano e Dunga com livros de Cury na mão, foi publicada no site da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). 

“Eu fiquei surpreso porque os jogadores não estão treinando apenas a sua musculatura, mas estão treinando a sua mente”, diz o psiquiatra. 

As últimas entrevistas de Dunga mostram que ele também andou treinando o discurso para enfrentar os desafios e o estresse da Copa. São frases adequadas para qualquer tipo de situação limite. 

“Foco no trabalho, fazer aquilo que a gente tem planejado”, diz o técnico da seleção. “Acho que em todos os setores, podemos achar os pontos positivos e negativos. Não estamos aqui para achar desculpas e sim soluções”, filosofa. 

“Dunga é uma pessoa muito clara, muito objetiva. Ele ama a seleção, ama esse povo. Às vezes, aparentemente, pode ser teimosia o que é a sua obstinação. Mas todo grande sonhador e todo grande pensador precisa de doses elevadas de determinação para atingir os seus mais belos alvos”, defendeu Augusto Cury. 

O psiquiatra revelou o diria para o técnico da seleção neste domingo, dois dias antes da estreia do Brasil na Copa: “Que ele seja um grande sonhador. E, se sonhar, não tenha medo de falhar”. 

Augusto Cury deu um palpite para o jogo de estreia do Brasil com a Coreia do Norte: “Espero que o Brasil goleie a Coreia do Norte”. 

O público da palestra de Cury na última quinta-feira não conhecia a amizade entre técnico e psiquiatra. Agora, acredita que o Brasil é ainda mais favorito. 

“Acho que a gente tem boas chances de ganhar a Copa, é claro”, diz uma palestrante. 

O psiquiatra finalizou a entrevista com um conselho para os milhões de brasileiros que vão torcer pelo Dunga a partir de terça-feira: “Quem vence sem riscos triunfa sem glórias”.